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Este ano que vai acabando , foi um ano curioso.
Um ano , uma viagem ... de aprender .. como devem ser todas... – e como todas as viagens ,
cumpre, já meio cansada, seu itinerário pelos campos do mundo .
mas esta , também como todas , me surpreendeu com um itinerário por vezes desconcertante .
Este ano quis porque quis me apresentar in loco, uma senhora.
Claro que eu já a conhecia, mas , por um acaso benigno , não tão de perto .
Conhecia assim, como agente conhece lagartixas .
Eu sabia que era velha , bem velha .
Mas de perto , me pareceu ainda mais velha que sua amargura.
Me apresentou a Mentira .
Ah , fizemos alguns passeios juntas , e eu não posso negar sua extravagância .
Cansei de vê-la rindo por ser amarela , agitando-se esquisitamente como se procurasse algum
ritmo erotizante em idéias moribundas que entre sí mesmas fugiam e ressurgiam , num set
esfumaçado, numa tentativa tragicômica ou mais que trágica , de sensualizar um vestido gasto e
engessado.
Uma dança estranha que parecia emergir de um lodo zen ,
espiralando sempre de volta pra o lodo zen - zerado em lotus descoloridas que buscavam ,
desesperadas e murchas , entrar no ritmo das faíscas de alguma lua gelada.
E eu, cada vez mais não conseguia sorrir pra esta senhora tão bizarra,
por mais que seus esquisitos risinhos entreparêntesis, não escondessem ... e nem contassem ...
nada.
Cansei, coitada ... mas ela é mesmo cansativa .
E enquanto ela continuava tentando , seduzir os “de mentirinha” ,
rebolando suas teias e mofos , Mr Year get me ....... cross another boundaries .
A boat, beneath a sunny sky,
Lingering onward dreamily
In these anothers lands, Mr Year made me Know :
que talvez eu tenha uma relação completamente desorientada com a poesia.
se eu quiser falar sobre ela, acho que nem consigo,
acho que ela chega antes de mim. – emociona, agita , fere , acende ,ondeia , desliza ,
delata , mergulha , se oferece toda: sempre inteira como a música, que é o que ela é.
Mas a poesia, aquela ... de um poema verdadeiro - Chega .
Se vem , na carruagem da ternura nua ou na violência sensualizada das rimas ,
métricas , estilos, – eu ... , na hora de analisar … chego atrasada .
Ou surpreendida. – o que é bom demais .
Mas aprendi ...
que poetar – em mim – é atravessar .
Atravessar .
Let your verse soar free, mortal one;
It’s time you make believe
That one should live solemn as a falcon, on high above, stalkingThus far from below.
Question not whether your root has grown
Out of the plan divine: plant grand everlasting a seed on human Kind;
fiercely refuse to play the role of both hunted and hunter.
Be pedantic: choose the hunt itself !
Prospero's magica ad vicem.
Let your verse roar impetuously, tempestuously; burning bright
As the sight of a tiger, your scar holds still a prosperous wound .
Feed and feast, a beast close at heart; also bursting to implode, Lava flows beneath the soil.
Keep it there, ever wake; dare seek
The stoic rose whose wondrous, sole purpose is lo to materialize
The dreams of those who conceive all life in its primal simplicity.
For as every sentient soul is born of the night captive, so are you
In this sonnet to perceive:
that the sun leaves only to set us free.
Ah , é ser o Herói vagamundo, sem chaves – sem fronteiras , superman da errância ,
trovador sem época , clowneando limites ,
caminhante dançarino das vastidões e do som dos mundos.
Eu acho que o poeta nasce de uma transada cósmica entre a bruxaria e o tempo.
Nasce de um dom. Vem viajando.
Cresce brincando, entre amores , paixões , espadas , saias , batalhas ,
de – repentes , partidas , chegadas , deuses , sangue , ternuras ,
respirando a cadência das palavras – e , entre elas , as histórias do sem-fim.
Os poetas Contam.
São os traidores da lógica. – traidores das crenças .
De Shakespeare à Dylan, de Jagger a Yeats, ... quem não atravessa o instante e submerge no país
dos elfos , - seja nas noites de um verão encantado ou nos parques de Manhattan, onde trolls ou
emos Tolkienianos rasgam os sons de Sherwood em alucinadas guitarras quânticas,
misturando marijuana, margaridas, girassóis vermelhos , tambores, flautas e latim. - ? -
Quem não se torna Integridade,
quando surpreendido pela Lealdade de – Captain ! Oh my Captain!
E quem não é rei ou rainha , amor e amante , herói e guerreiro , tesão ou perdão –
beleza e mar no abraço quente de um poema. - ? -
Eu acho , sim , é que o poeta, ou o poema, nos recorda que Somos Poesia.
Filhos que a Terra gestou, híbridos de sol e lua , mestiços cósmicos ,
crias da safada sensualidade universal.
Então ... o poeta não é mentiroso.
O mentiroso não poéta, costura palavras , é costureiro ,
um diplomata ansioso em agradar todas as letras, apostando sempre no garantido prêt a porter .
Este ano me ensinou também que não se dá o Mar de presente ,
e nem mesmo Juan, ... tão leal , nobre e veloz,
porque o mar foi feito pra quem navega ,
E Juan ... ah , Juan é um dom , é pra quem faz caminho ....
é pra quem sabe chegar .
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